Identidade sexual

21-06-2009 22:32

 Identidade sexual

Num estudo realizado em Los Angeles concluiu-se que a identidade sexual está intimamente ligada aos genes. Neste estudo, o dr. Eric Vilain, professor de genética da Universidade da Califórnia, Escola de Medicina de Los Angeles, tentou responder à pergunta “porque é que nos sentimos homens ou mulheres?”. Segundo este autor a identidade sexual é definida em todas as pessoas antes do nascimento e salienta-se a partir da variação do nosso genoma individual. Ele e a sua equipa identificaram 54 genes no rato que explicam a razão de o cérebro masculino e feminino serem diferentes e funcionarem de forma distinta. Por exemplo, pelo facto de os dois hemisférios do cérebro feminino serem mais simétricos, faz com que a mulher tenha uma melhor capacidade de comunicação.

Sexual Identity Hard-Wired by Genetics, Study Says

 

LOS ANGELES - Sexual identity is wired into the genes, which discounts the concept that homosexuality and transgender sexuality are a choice, California researchers reported on Monday.

"Our findings may help answer an important question -- why do we feel male or female?" Dr. Eric Vilain, a genetics professor at the University of California, Los Angeles School of Medicine, said in a statement. "Sexual identity is rooted in every person's biology before birth and springs from a variation in our individual genome."

His team has identified 54 genes in mice that may explain why male and female brains look and function differently.

Since the 1970s, scientists have believed that estrogen and testosterone were wholly responsible for sexually organizing the brain. Recent evidence, however, indicates that hormones cannot explain everything about the sexual differences between male and female brains.

Published in the latest edition of the journal Molecular Brain Research, the UCLA discovery may also offer physicians an improved tool for gender assignment of babies born with ambiguous genitalia.

Mild cases of malformed genitalia occur in 1 percent of all births -- about 3 million cases. More severe cases -- where doctors can't inform parents whether they had a boy or girl -- occur in one in 3,000 births.

"If physicians could predict the gender of newborns with ambiguous genitalia at birth, we would make less mistakes in gender assignment," Vilain said.

Using two genetic testing methods, the researchers compared the production of genes in male and female brains in embryonic mice -- long before the animals developed sex organs.

They found 54 genes produced in different amounts in male and female mouse brains, prior to hormonal influence. Eighteen of the genes were produced at higher levels in the male brains; 36 were produced at higher levels in the female brains.

"We discovered that the male and female brains differed in many measurable ways, including anatomy and function." Vilain said.

For example, the two hemispheres of the brain appeared more symmetrical in females than in males. According to Vilain, the symmetry may improve communication between both sides of the brain, leading to enhanced verbal expressiveness in females.

"This anatomical difference may explain why women can sometimes articulate their feelings more easily than men," he said.

The scientists plan to conduct further studies to determine the specific role for each of the 54 genes they identified.

"Our findings may explain why we feel male or female, regardless of our actual anatomy," said Vilain. "These discoveries lend credence to the idea that being transgender --- feeling that one has been born into the body of the wrong sex -- is a state of mind.

Outros estudos cientificos foram mostrando relações interessantes relativamente a esta matéria controversa.

O texto de Almeida e Carvalheira(2007) começa afirmando que muitas áreas têm feito investigações acerca do que representa e de como ocorre a escolha da orientação sexual. Dentre estes campos destacam-se a religião, as leis, as ciências sociais e biológicas e até mesmo algumas áreas da medicina. De acordo com as autoras, nossas identidades individuais e relacionais, bem como toda a diversidade de comportamento humano faz com que os indivíduos, se encontrem e se relacionem com conceitos e categorias, como homem/mulher; homossexual/bissexual/heterossexual, entre outras.

O texto traz também a diferenciação de Sexo e Gênero, de acordo com Diamond(2002). De acordo com ele, o sexo refere-se a estrutura anatômica, enquanto o gênero refere-se aos aspectos psicossociais do sexo. O texto traz também, que a identidade sexual tem três dimensões: A identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual.

A identidade de gênero: É o primeiro comportamento, desenvolve-se entre o nascimento e o terceiro aniversário. De acordo com Green é “ a convicção básica acerca do seu sexo biológico”. Esta identidade nem sempre é equivalente ao orgão reprodutor visível. Depois, desenvolvem-se os papéis sociais, que são características associadas ao ser homem e ser mulher através da cultura e da história. Estes papéis têm muita ligação com a aparência, com os comportamentos esperados daquela pessoa e da sua personalidade. Estes papéis não são necessariamente  fixos, devido à fluidez propiciada pela cultura vigente. Só após esta segunda fase, que dura em média dos três aos sete anos, é que começaríamos a discutir a orientação sexual: A escolha pelo sexo oposto, pelo mesmo sexo ou pelos dois. A orientação sexual pode ser dividida em dois aspectos: A preferência física sexual e a afectiva.

Para Diamond, a orientação sexual engloba várias dimensões da identidade sexual,  de gênero e dos papéis sociais. Para ele as categorias bissexual, heterossexual, entre outras, são mais adjectivos do que nomes propriamente ditos. Lisa Diamond tem tentou mudar a forma de estudar a orientação sexual, em especial a feminina.

O texto a partir deste ponto traz estudos que corroboram hipóteses opostas entre si. Algumas correntes que trazem que a orientação sexual é mais fluida e inconstante do que costuma-se estabelecer e outras que dizem justamente o oposto. Os estudos feitos, foram em sua maioria longitudinais. As investigações mais recentes demonstram a desvalorização das mudanças provenientes do passar do tempo. Diamond, traz que é como se ocorresse a descoberta de um self verdadeiro, ponto a partir do qual, as mudanças na orientação sexual não ocorreriam mais. Diamond porém não concorda com esta afirmação, dizendo que há evidências destas mudanças ao longo do tempo, em especial nas mulheres.É importante salientar que existe também opiniões controversas a esta no que que faz referência à diferenciação dos gêneros e às diferenças na orientação sexual. Ao longo do texto, fica bastante claro que há uma grande necessidade de novos estudos, mais completos na área.

O texto além de trazer estudos que corroboram esta idéia de que as mulheres têm modificado sua orientação sexual ao longo do tempo, afirma também que os movimentos de defesa dos direitos homosexuais podem influenciar na escolha dos indivíduos para serem homosexuais, uma vez que há um preconceito, por parte de destes movimentos acerca da possibilidade do bissexualismo.

Os estudos de Diamond e Rust demonstram ainda que há uma diferença clara nos resultados das mulheres que se consideravam lésbicas ou bissexuais. As que se consideravam lésbicas responderam em sua maioria sentir mais atrações sexuais por mulheres, enquanto as bissexuais afirmaram justamente o contrário.

É importante salientar também, que estes estudos realizados e que têm corroborado tanto a hipótese de fluidez como a hipótese de permanência forma realizados em ambientes muito restritos, tendo como participantes apenas membros da LGBT americana, e estudantes universitários. Desta forma, não existem dados que se relacionem a pessoas desvinculadas destes espaços, em especial pessoas que residem em ambientes mais rurais, de etnias minoritárias e com condição sócio-econômica mais baixa.

Weinberg ET AL(1994) traz a hipótese de que talvez os bissexuais, sejam eles homens ou mulheres, tenham uma maior capacidade de experimentar atrações por ambos os sexos, o que permite que seus sentimentos estejam mais suscetíveis a mudanças externas, no ambiente.

Herdt e Boxer ( 1993) fizeram estudos que demonstraram que os homens têm experiências com pessoas do mesmo sexo antes do que as mulheres. Bem como as mulheres demonstraram ter uma maior probabilidade de se relacionar primeiro com o sexo oposto e só depois com pessoas do mesmo sexo. As mulheres também apareceram como tento uma certeza mais tardia das suas orientações sexuais do que os homens. Mais mulheres também se consideraram como bissexuais do que os homens. No que tange os contextos das orientações sexuais dividiu-se os sujeitos em dois grupos: Os que eram atraídos por pessoas do mesmo sexo a partir de questões emocionais e os que tinham pensamentos explícitos com o mesmo sexo, envolvendo atividades sexuais. Os resultados encontrados demonstram que mais mulheres se encontram no primeiro grupo e mais homens no segundo.
Para concluir, as autoras afirmam que a diversidade sexual tem encontrado um ambiente muito mais favorável e que a flexibilização das atracções tem permitido uma maior liberdade de escolha para mulheres. No caso dos homens, há uma maior rigidez na escolha sexual, o que pode estar reflectindo uma maior rigidez social com tal, ou de tal categoria. As autoras finalizam afirmando que a orientação sexual surge a parir de uma interação do ambiente com a biologia.

Referência: Almeida, J. e Carvalheira, A. A. Flutuações e diferenças de género no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas. Análise Psicológica, 25, 3, 343-350, 2007

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