Ciência e Senso comum

20-06-2009 22:07

Quantas vezes, no nosso dia-a-dia, ouvimos o termo Psicologia?

Qualquer um entende um pouco dela. Poderiamos até mesmo dizer que " de psicólogo e de louco todo o mundo tem um pouco". As pessoas em geral têm a "sua psicologia"...

Usamos o termo Psicologia, no nosso quotidiano, com vários sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder da persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de "Psicologia" para vender seu produto...

Quando nos referimos a um jovem estudante que usa o seu poder de sedução para atrair a rapariga, falamos que ele usa de "Psicologia"...

Quando procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir os nossos problemas, dizemos que ele tem "Psicologia para entender as pessoas...

Quantas vezes é que isto já aconteceu?... Número ilimitado de vezes certamente!...

Será essa a psicologia dos "Psicólogos?...

Certamente que não...

Essa Psicologia, usada no quotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do Senso Comum!...

Mas nem por isso deixa de ser um Psicologia...O que quero transmitir é que as pessoas, em geral, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas quotidianos de um ponto de vista psicológico...

Quando se faz ciência, baseia-se na realidade quotidiana e pensa-se sobre ela. Afastamo-nos dela para reflectir e conhecer para além das suas aparências. O quotidiano e o mconhecimento científico que temos da realidade aproximam-se e afastam-se:

Aproximam-se porque a ciência abstrai a realidade para compreedê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se da realidade, transformando-se em objecto de investigação - o que permite a construção do conhecimento científico sobre o real.

Vamos pensar no distanciamento e trabalho mental que Newton teve que fazer para, partindo da fruta que caía da arvore (facto do quotidiano), formular a lei da gravidade (facto científico).

Ocorre que, mesmo o mais especializado dos cientistas, quando sai do seu laboratório, está submetido à dinâmica do quotidiano, que cria as suas próprias "teorias"  a partir das teorias científicas, seja como forma de "simplificá-las" para o uso do dia-a-di, ou como sua maneira de interpretar os factos, a despeito das considerações feitas pela ciência.

Todos nós - estudantes, psicólogos, físicos, artistas, operários, teólogos - vivemos esse quotidiano e as suas teorias a maior parte do tempo, isto é, aceitamos as regras do seu jogo.

O facto é que a dona de casa, quando usa a garrafa térmica para manter o café quente, sabe por quanto tempo o café permanecerá quente...

Sabe por quanto tempo o café permanecerá razoavelmente quente...sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes, desconhecendo as leis da termodinâmica...

Quando alguém em casa reclama de dores no fígado, ela faz um chá de boldo, que é uma planta medicinal já usada pelos avós de nossos avós, sem, no entanto, conhecer o princípio activo das suas folhas nas doenças hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico...

E quando precisamos de atravessar uma avenida movimentada, com tráfego de veículos em alta velocidade, sabemos perfeitamente medir a distância e a velocidade do automóvel que vem na nossa direção...Até hoje não conhecemos ninguém que usasse máquina de calcular ou fita métrica para essa tarefa...

Este tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso quotidiano é chamado de Senso Comum. Sem este conhecimento intuitivo, espontâneo ,de tentativa e erros, seria muito complicado a nossa vida no dia-a-dia. 

O conhecimento do senso comum, além da sua produção caracteristica, acaba por se apropriar, de uma maneira muito singular, de conhecimentos produzidos pelos outros sectores da produção do conhecimento e do saber humano...tipico de uma sociedade contêmporanea que aplica uma pluralidade de saberes onde todos têm importância de uma forma integrada...Urge integrar todo o tipo de saberes...mesmo o teológico, relativamente à fé... Todos no seu conjunto são importantes...

O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão do mundo.

Por outro lado, a ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre factos ou aspectos da realidade (objecto de estudo), expresso através de uma linguagem precisa e rigorosa. Estes conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação da sua validade.

Assim, podemos apontar o objecto dos diversos ramos da ciência e saber exactamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência.

O saber pode assim ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido.

A ciência tem uma caracteristica fundamental: ela aspira à objectividade. Suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se válidas para todos.    

Objecto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objectividade fazem da ciência uma forma de conhecimento espontâneo do senso comum.

Esse conjunto de caracteristicas é o que permite que denominemos científico a um conjunto de conhecimentos... 

Atentemos neste diálogo verdadeiro de um cientista como alguém que lhe perguntou o que havia antes do big-bang.   

O cientista responde:

Não sabemos. A teoria do big-bang diz que tudo o que conhecemos foi criado a partir do momento em que se deu o big-bang. O que deu origem ao big-bang? É uma pergunta para a qual não temos resposta…Por enquanto!!!!!!!!

 

Limites do conhecimento

Nesta resposta estamos perante 2 interessantes problemas.

1-      Não sabemos, por enquanto.  

Um profundo acto de fé do cientista que crê que um dia tudo saberá, ou seja, alcançará a VERDADE. 

2-      Ideia da criação (tudo o que conhecemos foi criado a partir do momento em que se deu o big-bang)

 

A teoria é algo que foi provado

Ciência ?      o estudo do Homem através das coisas…

 

Mais consentânea com a humildade contemporânea, é a posição de John Horgan, que diz que a origem do universo está demasiado longe de nós, constituindo-se um limite absoluto da ciência. 

A contemporaneidade permite este diálogo de posições antagónicas

 Esta sociedade permite que o matemático e o filosofo se reúnam na mesma mesa…..Que o físico e o filosofo se reúnam à mesma mesa….

Que uma pessoa com experiencia de vida alicerçada no senso comum se reúna com o cientista à mesma mesa....

  •        A contemporaneidade traz à luz do dia novos saberes, traz à luz do dia “ velhas” teorias, agora vestidas com novas roupagens. Um exemplo é o Criacionismo!

 

  •         O princípio antrópico, que estabelece que o universo é assim porque se não fosse não estaríamos aqui para observar, é uma versão actualizada de um velho princípio.

 

 

  •          O pensamento contemporâneo , ao contrário daquilo que alguns fundamentalistas intentam, procura um equilíbrio entre o princípio da causalidade e o sentido humano.

Também no conhecimento se pode falar em diversidade.

                      Pensamento contemporâneo

  •        O desenvolvimento do conhecimento na actualidade impõe uma forma de ser ao olhar para o Homem, para o mundo, para as coisas.

 

  •         Não há mais lugar para o individualismo mas para uma visão global dos fenómenos. Ética, estética, enquanto ramos da filosofia, são tão importantes para o desporto como a biologia ou a física.

 

  •          O pensamento contemporâneo obriga-nos a um pensamento moldado pela caosplexidade, ou seja, a um pensamento formado desde a teoria dos caos, à teoria da complexidade.

 

  •         Quando falamos do Homem, mesmo na prática desportiva, mais do que universo estamos perante um multiverso.

 Pluralidade de saberes e de conhecimentos !!!

  A ciência não explica por enquanto porque gosto do fc porto...

  A ciência não explica por enquato porque gosto do azul e não do vermelho...

  É ideal do cientista saber ou descobrir um dia...

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