Liderança no Desporto

16-04-2013 12:07

É um processo comportamental para influenciar indivíduos e grupos, tendo em vista objetivos estabelecidos.

 

Liderança em contextos desportivos

1.      Modelo multidimensional de liderança (Chelladurai, 1991)

2.       Modelo Mediacional 

 

Modelo Multidimensional de Liderança (Chelladurai,1991)

A liderança é encarada e entendida como um processo de interação, no sentido que a eficácia do líder tem de ter em consideração características situacionais não só do líder, mas também dos membros do grupo.

 

Quadro esquemático do modelo multidimensional de liderança no desporto (de Challadurai)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No modelo multidimensional, o rendimento do grupo e a satisfação dos membros são considerados em função da coerência entre os três estados do comportamento do líder (o exigido, o preferido e o real). Os antecedentes destes três comportamentos do líder são as características da situação, do líder e dos membros do grupo.

·         Comportamentos exigidos ao líder

Ao líder impõe-se que se comporte de determinada maneira devido :

  • Às exigências e constrangimentos colocados pelas características da situação.

 

Por exemplo, os objetivos, a estrutura formal da equipa, o sistema (as equipas profissionais versus equipas de liceu (desporto escolar), as tarefas do grupo e as tecnologias associadas (desportos coletivos versus desportos individuais), normas sociais, valores culturais e regulações do governo.

 

  • Características dos membros do grupo (personalidades, maturidade, e inteligência)

 

·         Comportamentos do líder preferidos pelos membros do grupo

As preferências dos membros em relação aos comportamentos específicos do líder está associado com:

  • Características individuais dos membros do grupo.

Variáveis da personalidade, como a necessidade de realização, de afiliação, a estrutura cognitiva, e a competência na tarefa influenciam as preferências dos membros em relação aos treinos e orientação, apoio social e feedbacks.

  • Características da situação também afetam as preferências dos membros.

Por exemplo, se existe uma expectativa de que um líder se comporte de determinada, esta expectativa é suportada tanto pelos líderes como pelos membros do grupo. Assim tanto os líderes como os membros do grupo convergem para as mesmas expectativas comportamentais e/ou preferências num determinado contexto.

 

·         Comportamento real do líder

O comportamento real do líder é função :

  • Das características pessoais dos líderes

A personalidade, habilidade e experiência têm uma forte influência no comportamento real do líder.

  • Requisitos exigidos ao seu comportamento

Por exemplo, os diferentes objetivos de uma equipa profissional e de uma equipa do desporto escolar, requer que os respetivos treinadores exibam comportamentos de liderança diferenciados.

  • Os atletas, das situações acima referidas, preferem diferentes comportamentos do líder, e estas preferências vão influenciar como o treinador se comporta na realidade.

 

Rendimento e satisfação

O quadro mostra que a performance e a satisfação estão em função do grau de coerência entre os três estados do comportamento do líder.

Resumindo, o rendimento e a satisfação são maiores quanto mais congruentes e similares forem os 3 tipos de comportamentos.

Leadership scale for sports (LSS) (Escala de liderança para o desporto)

A escala de liderança para o desporto (LSS), desenvolvida em dois estádios consiste em 40 itens representando cinco dimensões do comportamento descritas no seguinte quadro:

 

Esta escala pode medir:

  • As preferências dos atletas em relação aos comportamentos específicos dos líderes;

 

  • A perceção dos atletas dos comportamentos dos seus treinadores (líder);

 

  • A perceção dos treinadores do seu próprio comportamento.

 

 

Investigações acerca do Modelo Multidimensional de Liderança:

  

 

Resultados da investigação:

1.     À medida que os atletas vão ficando mais velhos e experientes vão preferindo comportamento autocráticos do treinador; 

2.      Atletas masculinos, comparados com os femininos, preferem comportamentos de treino e instrução e autocráticos. As mulheres preferem os democráticos;

3.      À medida que os atletas aumentam na idade e carreira preferem comportamentos de suporte social;

4.      Atletas com níveis elevados de rendimento e sucesso preferem comportamentos democráticos, de treino e instrução e reforço;

5.     Atletas dos desportos coletivos preferem comportamentos autocráticos, enquanto, os dos desportos individuais preferem os democráticos;

6.      Elevados níveis de Feedbacks positivos, apoio social e comportamentos democráticos nos treinadores é geralmente associado a elevados níveis de satisfação do atleta;

7.      Avaliação que os atletas fazem do treinador parece ser tanto mais elevado quanto mais o treinador relata adotar um estilo de treino congruente com o que os seus atletas preferem e percecionam.

 

 

Modelo mediacional

O modelo original e de base consistia em três elementos: comportamentos do treinador, perceções e lembranças do jogador, e reações avaliativas dos jogadores. De acordo com o modelo, as atitudes do jogador em relação ao seu treinador e a sua experiência no desporto (modalidade) são inferidos pelas suas perceções e lembranças dos comportamentos dos treinadores. Uma versão mais elaborada deste modelo de base, aparece a seguir.

 

Coaching Behavioral Assessment System (CBAS)

Observação do comportamento do líder.

As doze dimensões comportamentais medidas pelo CBAS são amplamente classificadas em:

1- Comportamentos reativos (são as respostas do treinador):

  •  Desempenho ou esforço desejado;
  •  Erros.

2- Comportamentos espontâneos, podem estar:

  • Relacionados com o jogo;
  • Irrelevantes para o jogo.

 

Resultados das investigações: 

  •  Perceção reduzida dos treinadores relativamente aos seus comportamentos, sobretudo para comportamentos positivos e encorajadores;

 

  • Necessidade de aumentar nos treinadores a sua consciência relativamente aos seus comportamentos: elevada discrepância com as perceções dos atletas;

 

 

  • Avaliação mais positiva por parte dos atletas aos treinadores que recorre frequentemente ao apoio social e ao reforço após comportamentos positivos;

 

  •  Alguns comportamentos dos treinadores afetam de forma decisiva a auto-estima e a confiança dos seus atletas;

 

  • Avaliação mais positiva por parte dos atletas aos treinadores que recorre frequentemente ao apoio social e ao reforço após a ocorrência de erros;

 

 

  • Relação positiva e significativa entre perceções dos atletas aos comportamentos dos seus treinadores, e às suas atitudes e orientações para eles e para a prática desportiva.

 

Em suma, há muita confusão entre o conceito de “gestor e o de “líder”. O conceito de gestor tem como definição, uma pessoa que está mais envolvida no planeamento, calendarização, organização, recrutamento, processos do dia – a – dia. Portanto, tem como competência, o comunicar os objetivos, monitorizar a situação, gerir recursos e organizar sistemas e medir os resultados. Os líderes, são pensadores estratégicos, motivam e inspiram, celebram os sucessos, assegura-se que todos compreendem o que é esperado deles.

Portanto ser gestor não é o mesmo de ser líder, contudo um bom gestor tem uma boa parte de líder por inerência no desempenho da atividade ou pelo menos, parte-se do pressuposto que deverá ter, para que de uma forma mais eficaz o processo de gestão empresarial ou desportiva seja exponenciado para o sucesso e para o êxito. Para Northouse (2004), liderança é o processo pelo qual, um individuo influencia um grupo de indivíduos para conseguirem atingir um objetivo comum. Na perspetiva de Bennis e Nanus (1985), gerir significa realizar atividades e cumprir rotinas, enquanto liderar significa influenciar os outros e criar visões de mudança. Deste modo, há que definir um estilo de liderança para a organização em causa, se um estilo mais autoritário, ou mais democrático, ou então, uma liderança laissez faire

As pessoas podem escolher tornarem-se líderes!

 

Segundo a teoria transformacional, provoca mudanças nos grupos e organizações ou nos staffs, os processos de motivação são fundamentados num apelo a valores morais e ideais superiores que vão além dos interesses de cada um e há uma “visão” para a organização. 

O que ocorre numa liderança transacional?

Há uma autoridade que lhes é reconhecida em termos formais para exercer o poder, enfatização das regras e das normas estabelecidas superiormente e a chamada de atenção para o cumprimento das tarefas previamente definidas, valorização da obtenção dos objetivos definidos e utilização das punições como “armas” fundamentais da promoção e controlo do empenho.  É necessário haver carisma e capacidade transformacional, em que se obtém transformações e mudanças fundamentais na forma como os outros se dedicam ao trabalho, motivando-os a fazer mais do que aquilo que esperavam inicialmente. Assume-se a existência de um ambiente de insatisfação que é reativo a alguém que “impressiona” os outros com uma visão que entra em rutura com o que está estabelecido e que obtém sucesso através da criação de processos de identificação com os que o acompanham.

A liderança é um papel que requer que se desempenhem muitos estilos de liderança diferentes para ser bem-sucedida. Não há um estilo melhor: os líderes devem ajustar o seu tipo de liderança à ocasião e à situação, bem como às pessoas que estão a ser lideradas, os líderes têm um estilo de liderança dominante que usam numa variedade de situações e há três fatores que influenciam o estilo de liderança a usar: background pessoal do líder (personalidade, conhecimentos, valores, ética, etc), staff (indivíduos com diferentes personalidades e backgrounds) e organização (preocupações da organização, valores, filosofia, etc.). 

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