Aprendizagem e personalidade

20-06-2009 19:30

        Aprendizagem

Podemos definir como sendo  a  mudança relativamente estável e duradora do comportamento e do conhecimento que resulta da experiência, do exercício, do treino ou estudo. É um processo que envolve factores cognitivos, motivacionais e emocionais, e se manifesta nos comportamentos. Este processo permite que o ser humano se adapte de forma eficaz ao meio.

        Tipos de Aprendizagem:

1.     Condicionamento Clássico (Pavlov)

  É um tipo de aprendizagem em que um organismo aprende a responder a um estímulo neutro, através da associação dum estímulo neutro a um estímulo inacto, que antes não produzia essa resposta. No entanto, pode ocorrer a extinção: quando o estímulo condicionado era apresentado sem estímulo inacto, a resposta condicionada acabaria por se extinguir.

2.     Condicionamento Operante (Skinner e Thorndike)

   É um tipo de aprendizagem que ocorre quando o organismo aprende a associar o comportamento com as consequências que daí resultam. Este tipo de aprendizagem faz-se por reforço (positivo ou negativo) de modo a fortalecer e aumentar a ocorrência desse comportamento. Os dois tipos de reforço aumentam a probabilidade de a resposta ocorrer.

 

 

Condicionamento Clássico

Condicionamento Operante

Estímulos

Associação entre estímulos neutros e incondicionados.

O comportamento é acompanhado de consequências positivas.

Natureza do comportamento

Reflexos, respostas automáticas.

Comportamentos aprendidos, adquiridos.

Tipo de resposta

Involuntária

Voluntária

Papel do sujeito

Passivo; o comportamento do sujeito é mecânico.

Activo; o sujeito opera para obter satisfação e evitar a dor.

Tipo de aprendizagem

A aprendizagem faz-se por associação de estímulos.

A aprendizagem faz-se por reforço (positivo ou negativo).

 

3. Aprendizagem Social (Bandura)

 É um tipo de aprendizagem em que o indivíduo adquire um novo comportamento a partir da observação de um modelo. Através da modelação, que envolve a observação, a imitação e a integração que a pessoa aprende um comportamento que passa a integrar o seu quadro de respostas. Este tipo de aprendizagem processa-se através da socialização, que decorre desde o nascimento até à morte.

  •   Neste tipo de aprendizagem, são importantes os reforço vicariante (o reforço é recebido pelo modelo) e directo (a seguir ao comportamento desejado o sujeito é reforçado. São vários os factores que influenciam esta aprendizagem: a atenção, a motivação, a proximidade e o género, idade e estatuto do modelo.

 

4. Aprendizagem Motora

 É um  tipo de aprendizagem que envolve movimentos e manipulação de objectos.

 

1.   Aprendizagem de Discriminação:

  •  está na base de todas as outras aprendizagens, e permite-nos apreender as semelhanças e as diferenças entre os objectos, pessoas, acontecimentos, situações, etc.

 

 6. Aprendizagem Verbal:

  •   utilizando símbolos verbais estabelecem-se as interacções sociais; a linguagem estrutura a nossa relação com o mundo e a nossa vida psicológica.

 

 7. Aprendizagem de Conceitos:

  •   através dos conceitos organizamos as informações que recebemos de mundo natural e social.

 

 8. Aprendizagem de Resolução de problemas:

  •   vamos aprendendo a resolver problemas, sejam eles de carácter prático, que exijam a intervenção da inteligência prática, ou que exijam o recurso ao raciocínio lógico-formal.

  Factores de Aprendizagem

1.     Inteligência: pode definir-se como a capacidade de aprender e, deste modo, uma pessoa com mais capacidade intelectual aprenderá mais facilmente.

2.     Motivação: o desejo de aprender é um factor decisivo. A motivação pode decorrer de factores internos – motivação intrínseca; e de factores externos – motivação extrínseca.

3.     Aprendizagem anterior e experiência: o que um indivíduo aprende, influencia a aprendizagem na mesma área ou áreas afins.

4.     Factores Sociais: a influência social é notada pelas condições objectivas propicias – acesso à informação – e nível de expectativas. As expectativas podem influenciar favoravelmente a aprendizagem.

 

       Métodos de Aprendizagem

 

1.     Distribuição Prática no Tempo:

  •    Pode distinguir-se aprendizagem espaçada e aprendizagem concentrada
  •    A aprendizagem espaçada é repartida no tempo com intervalos regulares entre as sessões de trabalho
  •    A aprendizagem concentrada decorre de forma intensiva, sem intervalos

 2. Conhecimento dos Resultados:

  •    O conhecimento dos resultados é um incentivo à aprendizagem: corresponde a um reforço positivo; aprende-se melhor e mais depressa se se conhecerem os erros cometidos, facilita e acelera o processo de aprendizagem.

 

 3. Aprendizagem Total e Parcial:

  •    Aprendizagem parcial – dividir um assunto por partes
  •    Aprendizagem total – aprender um assunto na sua globalidade
  •    Este dois métodos conjugam-se para atingir o objectivo da aprendizagem

 

 4. Aprendizagem Programada:

  •    O material aprendido é apresentado numa sequência de fases cujo nível vai aumentando
  •    Baseia-se nos princípios do condicionamento operante e, por isso, a uma sequência de conteúdos deve seguir-se uma avaliação e um reforço.

 

         Memória

         é uma função mental que permite reter informação, isto é, aprender. É um sistema de armazenamento que permite manter informações, e é uma capacidade de evocar, de recordar as informações retidas.

-          É um processo mnésico que envolve 3 fases:

1.    Aquisição – corresponde à entrada dos conteúdos na memória

2.    Retenção – fase de armazenamento dos conteúdos que podem ser retidos por diferentes períodos de tempo

3.    recordação – fase de evocação dos conteúdos retidos

 

- Tipos de Memória:

1.    memória sensorial: tem origem nos órgãos dos sentidos, e as informações obtidas são retidas por um curto espaço de tempo (o,2 – 2 seg.). Se a informação não for processada perde-se; se for processada passa para a memória a curto prazo.

2.    memória a curto prazo: tipo de memória que armazena a informação recebida pela memória sensorial, e este material é retido durante cerca de 30 a 60 segundo. Se forem processados, passam para a memória a longo prazo. Para que a informação fique armazenado nesta memória é preciso que seja repetida e codificada.

3.    memória a longo prazo: alimenta-se do material codificado da memória a curto prazo. A informação recebida é transformada à medida que vai sendo integrada, e, aqui, é retida durante horas, meses ou durante toda a vida, codificada, e é retida informação verbal em função do seu significado.

 

         Esquecimento

  •           é a incapacidade de recordar e de recuperar informação, conteúdos que foram memorizados. É essencial e é a própria condição da memória pois é por nos esquecermos que continuamos a reter informações. Este processo tem uma função selectiva e adaptativa: afasta a informação que não é útil e necessária.

 Factores que explicam os esquecimento:

1.     Desaparecimento e Alteração do Traço Mnésico: modificação dos conteúdos memorizados. O que acontece ao material que não conseguimos recordar é ter sofrido modificações, geralmente por efeito de transferências de aprendizagens posteriores.

2.     Interferências de Aprendizagens:

  •           inibição proactiva: as recordações anteriores afectam a capacidade de recordar novas aprendizagens
  •           inibição retroactiva: novas aprendizagens afectam a capacidade de recordar materiais memorizados anteriormente.

3.     Motivação Inconsciente: conteúdos traumatizantes, penosos, as recordações angustiantes seriam esquecidos para assegurar o equilíbrio psicológico através do recalcamento

  Aprendizagem/Inteligência

 Inteligência

  •     capacidade de resolver problemas e adaptar-se ao meio, de pensar abstractamente, bem como a capacidade de aprender

 

 Tipos de Inteligência:

  1.  Prática: recorre a acções, manipulação de objectos e a representações perceptivas para resolver problemas, permitindo resolver problemas concreto do quotidiano.
  2.  Conceptual: é abstracta e racional manifestando-se na capacidade verbal, simbólica, de compreensão, raciocínio, na resolução de problemas e tomadas de decisões.

 

 Críticas ao teste de Inteligência:

  •           os testes avaliam um número reduzido de capacidades intelectuais
  •           avaliam os resultados e não os processo mentais
  •           decorrem em situação artificial
  •           a absolutização dos resultados dos teste conduz a erros de avaliação

 Nem sempre os melhores alunos são os que estão mais bem preparados para tomar decisões...

 Será?... que a inteligência está directamente relacionada com o sucesso?... Com a transcendência?...

   Composição da Inteligência

1.  Abordagem Factorial:

  Spearman:

  •     considera que existe um factor comum (factor g), uma inteligência geral, fundamentalmente hereditária, que estaria na base de qualquer tarefa intelectual. Deste factor g dependeriam factores específicos (factores s)

2.  Concepção Multifactorial:

 Thurstone:

  •    nega a existência do factor geral considerando que a inteligência é composta por vários factores:
  •    aptidões espaciais e visuais
  •    rapidez perceptual
  •    aptidão numérica
  •    compreensão verbal
  •    memória
  •    fluidez verbal
  •    raciocínio

3.  Teoria das Inteligências Múltiplas

Gardner: segundo este autor existiriam 7 tipos de inteligência:

  •     inteligência lógico-matemática
  •     inteligência linguística
  •     inteligência espacial
  •     inteligência musical
  •     inteligência corporal – cinestésica
  •     inteligência interpessoal
  •     inteligência intrapessoal

 

·   Factores de Inteligência

  • Hereditariedade: embora as capacidades intelectuais não sejam determinadas pela hereditariedade, esta estabelece os limites dentro dos quais o desenvolvimento da inteligência é possível. Assim, interfere no modo como o sujeito utiliza a informação disponível no meio
  • Factores Sociais: o meio social cria contextos de desenvolvimento físico, psicológico e social que podem dificultar ou estimular as capacidades intelectuais: o potencial hereditário pode ser ou não desenvolvido por circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis.
  •  Expectativas: as expectativas próprias ou dos outros, que podem ser positivas ou negativas, podem estimular ou dificultar a capacidade de ser inteligente porque estas devolvem ao sujeito imagens, representações de si próprio às quais ele tem de ajustar-se: se as expectativas são positivas estimulam as capacidades intelectuais; se são negativas dificultam ou bloqueia-as.

    Inteligência e Criatividade

  1.    Pensamento convergente: capacidade de elaborar soluções partindo da análise dos conhecimentos, experiências e raciocínios lógicos. Deste tipo de pensamento advém apenas uma única solução como sendo a melhor, mais correcta e eficaz, e é um pensamento dominado pela lógica e objectividade.
  2.     Pensamento Divergente: capacidade de pensar, de explorar mentalmente várias soluções originais, diferentes e inovadoras para o mesmo problema, e implica grande flexibilidade mental e predomínio da intuição

 

  Criatividade: é uma manifestação do pensamento divergente e caracteriza-se por:

1.     Flexibilidade – capacidade de mudar de estratégias na procura de soluções

2.     Fluidez – capacidade para produzir e imaginar muitas respostas para um problema, situação.

3.     Originalidade – consiste a produção de algo novo, via descoberta de novas soluções, novas formas.

 A  Personalidade

  •  um conjunto relativamente estável, de aspectos de um indivíduo que o distingue dos outros e o tornam único. Isto é, é um conjunto de padrões diferenciados de comportamentos, pensamentos, atitudes e emoções relativamente estáveis, que estão integrados numa unidade coerente, com carácter de continuidade. A personalidade, por assim dizer, é uma das características que nos tornam únicos e diferentes de todos os outros, e, como conjunto de características pessoais, organiza-se de forma única em cada indivíduo. Além disso, é dinâmica pois resulta de uma construção permanente ao longo da vida sob influências externas e internas.

 

 Factores que influenciam a personalidade:

1.     Influências Hereditárias: o património genético que o indivíduo recebe aquando da concepção define um conjunto de características fisiológicas, morfológicas e sexuais, que o tornam único e vão influenciar características da personalidade que o indivíduo desenvolverá.

2.     Influências do Meio Social: é através do processo de socialização que o comportamento individual é marcado segundo padrões de cultura de uma dada sociedade. Muitas características da nossa personalidade são produto do meio social e cultural a que pertencemos. Além do contexto social geral, estamos inseridos em determinados grupos sociais e são este agentes de socialização que no vãos influenciar em grande parte na nossa forma de ser e de reagir, porque veiculam normas, padrões, atitudes, etc. que são interiorizados e integrados na nossa personalidade. Por isso, a personalidade constrói-se e desenvolve-se num processo interactivo com o meio social em que o indivíduo vive.

3.     Influências das Experiências Pessoais: cada indivíduo tem um conjunto de experiências pessoais e o modo como cada um as vive, as encara, o significado que lhes atribui, forma como as integras dependem das suas características psicológicas, mas, mais que isso, vão influenciar a personalidade. As experiências vividas na infância e na adolescência são particularmente marcantes. Assim, a personalidade é um elemento activo da sua própria história e projectos de vida.

 

 Teoria da Personalidade de Bandura

  •  este autor encara a personalidade como sendo, fundamentalmente, constituída por um conjunto de aprendizagens que ocorrem ao longo da vida, concretamente as que resultam das interacções sociais.

    Dando realce às interacções com o meio, Bandura refere que muitas das aprendizagens que fazemos ao longo da vida se fazem por modelação. Como o próprio nome indica, a aprendizagem por modelação orienta-se por modelos que são, geralmente, os pais, os amigos, os professores, etc., e, actualmente, também os meios de comunicação veiculam modelos que são objecto de imitação. Geralmente, os modelos são pessoas mais significativas e que têm características semelhantes às do sujeito. Este processo de aprendizagem, consiste na observação e integração que nos leva a adquirir novas formas de actuar, reagir e conhecer-se. É importante realçar o reforço como elemento fundamental neste processo, e pode ser directo ou vicariante. Assim, Bandura defende a personalidade como resultado da acção do meio e dos processos de aprendizagem, bem como das variáveis pessoais. 

Desenvolvimento e socialização

A família tem um papel decisivo no processo de socialização, isto é, no processo de integração do indivíduo na sociedade. É neste grupo que a criança aprende os comportamentos, valores, normas e atitudes vigentes numa dada sociedade.

Um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento psicológico e social do bebé é o estabelecimento de uma primeira relação afectiva recíproca e duradoura, normalmente com a mãe, a que se chama vinculação. Esta vinculação manifesta-se a partir dos 7/8 meses e caracteriza-se pela procura de proximidade em relação a mãe; pela ansiedade e tristeza em caso de separação; e pela orientação das acções do bebé para a mãe.

A relação mãe-bebé tem um papel muito importante no processo de socialização. É esta díade mãe-bebé que vai permitir que a criança adapte o seu comportamento ao meio envolvente e aos outros: esta relação tem uma função adaptativa, quer favorecendo a sobrevivência da espécie, quer proporcionando segurança emocional.

 

As crianças desde que nascem são capazes de interagir com o meio e realizam as primeiras interacções com a mãe.

É através da interacção mãe-bebé que a criança aprende a atribuir significados aos comportamentos dos outros e às situações. A qualidade desta relação precoce entre a mãe e o bebé, vão ter uma grande influência no desenvolvimento futuro da criança: na sua personalidade, auto-estima, confiança em si própria, na forma como se relacionará com os outros e o modo como encarará as situações.

 Estudos etológicos revelaram que a necessidade de contacto corporal e proximidade física são mais importantes que a necessidade de alimentação. Esta necessidade de agarrar, de estar junto à mãe denomina-se de contacto do conforto.

Segundo Bowlby, a necessidade de vinculação (apego, attachement), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas é um fenómeno biologicamente determinado.

A carência afectiva materna tem repercussões que acarretam perturbações físicas, afectivas ou mentais durante esse período ou na vida futura, como, por exemplo, o hospitalismo (depressão vivida por crianças a quem faltou a presença materna).

 Construção da identidade

A formação da identidade é, segundo Erikson, a tarefa fundamental da adolescência. É neste período que se constrói uma forma própria e pessoal de estar no mundo, sendo diferentes as formas de procura de identidade – busca do papel sexual, da profissão, de realizações pessoais.

Este processo de autonomia passa pela substituição dos modelos parentais pelo dos grupos de pares (agora centro das relações sociais procurando aí identificação positiva e respostas para as suas dúvidas e incertezas). Este processo de identificação/diferenciação é vivenciado de forma contraditória (ambivalente) através de atitudes de conformismo (face aos pares) e/ou rebeldia (face à família).

 

Moratória Psicossocial

É um período de pausa, de experimentação de vários papeis sociais. Nesta fase de experimentação em que o jovem procura os papéis de adulto que melhor se adequam a si próprio sem os assumir definitivamente. A moratória é uma espécie de compasso de espera nos compromissos adultos. È um período de experimentação e de ajustamento dos vários papéis sociais. Podemos identificar várias moratórias – sexual-afectiva, moratória de orientação profissional e moratória da identidade.

 APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

Conceito de Aprendizagem

Aquisição ou mudança relativamente estável e duradora de comportamentos ou processos mentais, resultante da uma interacção com o meio, de alguma forma de exercício, experiência, treino ou estudo.

 A aprendizagem é um factor essencial de mudança (pessoal e social) de atitudes e comportamentos. A aprendizagem determina o pensamento, a linguagem, as motivações, as atitudes e a personalidade. A aprendizagem implica comportamentos perceptivos, motores, intelectuais, emocionais e sociais. Não há aprendizagem sem memória; a memória permite reter o que aprendemos. A memória constitui uma espécie de base de dados que possibilita responder às situações presentes e projectar as situações futuras.

 Como já referi, podemos falar de vários tipos de aprendizagem:

Tipos de Aprendizagem: Condicionamento Clássico

Este processo de aprendizagem foi estudado por PavlovPavlov constatou que os cães salivam sempre que o alimento lhes era colocado na boca e descobriu que também salivam quando viam o alimento, quando viam a pessoa que habitualmente lhes trazia o alimento ou quando ouviam os seus passos., a partir de experiências realizadas com cães.

Pavlov procurou estudar objectivamente o modo como os estímulos neutros provocavam a salivação e descobriu uma nova forma de aprendizagem. Perante a presença do alimento, a salivação é uma resposta inata, não aprendida. O reflexo condicionado é uma resposta aprendida a um estímulo inadequado. O condicionamento é uma forma simples de aprendizagem pela qual um estímulo neutro associado a um reforçador, provoca uma resposta.

 

Experiência realizada por Pavlov

  •  Pavlov apresentava a carne ao cão e este salivava;
  •  Pavlov apresentava a carne acompanhada pelo som de uma campainha e o cão salivava.

       Repetiu várias vezes esta associação (Carne + Som);

  •  Ao ouvir apenas o som da campainha, o cão passava a salivar.

 

Estímulo Neutro

o    Estímulo que, antes do condicionamento, não produz a resposta desejada.

       Ex: o som da campainha.

Estímulo não condicionado (incondicionado)

o    Estímulo que desencadeia uma resposta não aprendida.

        Ex: a carne.

Resposta incondicionada

o    Resposta não aprendida, inata.

      Ex: salivar com o cheiro da carne,

Estímulo condicionado

o    Estímulo neutro que, associada ao estímulo incondicionado, passa a provocar a resposta semelhante à desencadeada pelo estímulo incondicionado.

       Ex: o som, depois de associado à carne, passa por si só a provocar a salivação.

Resposta condicionada

o    Resposta que, depois do condicionamento, se segue ao estímulo que antes era neutro.

      Ex: salivar quando ouve o som.

 

Foram identificados alguns processos que envolvem o condicionamento:

Extinção

  •   quando o estímulo condicionado é apresentado, repetidas vezes, sem ser seguido do estímulo incondicionado, a resposta condicionada, por não ser reforçada, deixa de se manifestar .

Generalização de estímulo

  • refere-se à tendência para responder a estímulos semelhantes ao estímulo condicionado;

Recuperação espontânea 

  •  situação em que uma resposta que parece extinta, após um tempo de descanso, na presença do estímulo, reaparece (ainda que de forma mais atenuada);

Discriminação

  • o organismo dá resposta a um dado estímulo, mas não a estímulos semelhantes a ele, diferenciando assim respostas a estímulos diferentes. (Ex. cão saliva com o som de campainha, mas não saliva com o som de um diapasão).

 A aprendizagem por condicionamento clássico consiste na aquisição de uma resposta observável (comportamento), a um estímulo também observável que, sendo inicialmente neutro, adquiriu propriedades de um outro estímulo (estímulo incondicionado) com o qual foi sistematicamente emparelhado, passando então a designar-se por estímulo condicionado.

O condicionamento clássico é uma forma de aprendizagem que está presente em muitos aspectos da vida humana; são muitos os estímulos para os quais temos respostas condicionadas. As experiências anteriores podem causar condicionamento. Sentir fome à hora das refeições é um exemplo de uma situação de condicionamento.

 Condicionamento operante

 Thorndike e Skinner identificaram este processo de aprendizagem, segundo o qual um comportamento é aprendido em função das consequências que se lhe seguem: é fortalecido (aumenta) quando é sistematicamente seguido de consequências positivas (reforços) e diminui ou desaparece quando é sistematicamente seguido de consequências negativas (punições).

 Thorndike procurou descobrir se o modo de aprender dos animais era idêntico ao dos homens.

Thorndike construiu uma caixa-problema, uma gaiola com grades de onde o animal só podia sair se executasse uma acção - puxar um fio ou carregar numa alavanca.

No exterior da caixa, o experimentador colocava alimento que podia ser visto e cheirado pelo animal; neste caso eram gatos esfomeados que eram recompensados quando saíam, portanto, quando resolviam o problema.

Inicialmente, o animal investia contra as grades, mordia-as, miando desesperadamente, mas, passando algum tempo, e depois de várias tentativas e erros, por acaso, o animal accionava o mecanismo que abria a porta, recebendo alimento quando saía. Ao repetir a experiência, o animal demorava cada vez menos tempo a resolver o problema até que, ao entrar na caixa, já se dirigia directamente ao mecanismo, que accionava e que abria a porta, recebendo logo em seguida a recompensa.

Thorndike constatou que, à medida que a experiência é repetida, as respostas desadequadas (que vão enfraquecendo) são substituídas por respostas correctas e eficazes (que vão sendo fortalecidas).

Thorndike formulou a lei do efeito: se a resposta for recompensada, fortalecer-se-á; se não houver recompensa ou se houver castigo, a resposta enfraquecerá - as primeiras seriam como que gravadas e as segundas apagadas.

 Skinner tendo como ponto de partida as investigações de Thorndike (a lei do efeito), vai analisar a aprendizagem como uma associação entre o estímulo e a resposta resultante de um acto do sujeito.

Skinner construiu uma caixa (caixa de Skinner ou câmara de condicionamento operante) dotada de um dispositivo especial: se uma alavanca for carregada ou um tecla premida, é libertado o alimento.

Nas experiências de Skinner, um rato é colocado no interior da caixa e, depois de a explorar, o animal carrega, por acaso, na alavanca e recebe o alimento. Quando o animal repete o comportamento obtém todas as vezes comida, que constitui o reforço; neste caso, o reforço é positivo dado que o animal tudo fará para o obter.

Existem também reforços negativos quando o animal procura fugir de estímulos dolorosos ou desagradáveis - o rato é colocado numa gaiola, sobre uma rede metálica, ao fundo da qual existe um pedal; pela rede faz-se passar uma corrente eléctrica que pode ser interrompida se o pedal for carregado.

Se o reforço for suspenso a resposta extingue-se, podendo depois ser recondicionada.

A recompensa é mais eficaz no reforço da aprendizagem do que a punição no enfraquecimento de um comportamento indesejável.

Skinner chamou a atenção para o efeitos indesejáveis da punição na educação dos seres humanos.

 Noções de Reforço Positivo e Reforço Negativo

 Reforço Positivo 

  • é o estímulo cuja presença serve para manter ou fortalecer a resposta; é o estímulo que tem consequências positivas e agradáveis e que se segue a um dado comportamento.

 

Reforço Negativo - o sujeito evita uma situação dolorosa se se comportar de determinado modo; é a eliminação de um estímulo que põe fim a uma situação aversiva e que serve para manter ou fortalecer a resposta.

 

Diferenças entre o Condicionamento Clássico e o Condicionamento Operante:

 

 

Condicionamento Clássico

Condicionamento Operante

Estímulos

Associação entre estímulos neutros e incondicionados.

O comportamento é acompanhado de consequências positivas.

Natureza do

Comportamento

Reflexos, respostas automáticas.

Comportamentos Adquiridos, Aprendidos.

Tipo de resposta

Involuntária.

Voluntária.

Papel do sujeito

Passivo; o comportamento do sujeito é mecânico.

Activo, o sujeito opera para obter satisfação e evitar a dor.

Tipo de Aprendizagem

A aprendizagem faz-se por associação de estímulos.

A aprendizagem faz-se por reforço (positivo ou negativo).

  A aprendizagem social

A aprendizagem social foi estudada por Bandura. Segundo este psicólogo, é no contexto das interacções sociais que se aprendem comportamentos que nos permitem viver em sociedade e desenvolver capacidades especificamente humanas (como ler, escrever, falar, etc.).

A aprendizagem social resulta da observação dos comportamentos dos outros e da imitação desses comportamentos, sobretudo daqueles cujas consequências são entendidas como positivas. Os comportamentos observados são imitados, quando o indivíduo se identifica com o modelo social. A aprendizagem social desenrola-se ao longo der toda a vida.

Bandura designa este processo por modelação. Neste tipo de aprendizagem, o reforço tem uma grande importância na medida em que, ao observar o modelo que foi reforçado (reforço vicariante), ou ao receber o reforço a seguir ao comportamento desejado (reforço directo), o sujeito integra um novo comportamento no seu quadro de respostas. Por outro lado, pode surgir o efeito desinibitório (Ex: Se os pais exibem comportamentos agressivos a criança apresentará também comportamentos agressivos) ou inibitório (Ex: Se a agressividade é criticada pelos pais a criança inibe-a.)

Segundo Bandura, tenderíamos a imitar modelos sociais significativos, isto é, pessoas que são mais susceptíveis de se tornarem modelos (pela proximidade afectiva, a idade, o género e o estatuto social).

 

Outras aprendizagens…

 

Aprendizagem motora 

  •  tipo de aprendizagem que envolve movimentos como andar, vestir, guiar um automóvel…

Aprendizagem de discriminação

  • permite-nos apreender as semelhanças e as diferenças entre objectos, pessoas, situações. Está na base de todas as outras aprendizagens.

Aprendizagem verbal 

  • é  através da linguagem que estruturamos a nossa relação com o mundo e a nossa vida psicológica e que estabelecemos todas as nossas interacções sociais. É uma das mais importantes e distintivas aprendizagens do ser humano.

Aprendizagem de conceitos 

  •  é através dos conceitos (mesa, humanidade, liberdade, etc.) que organizamos as informações que recebemos

Aprendizagem de resolução de problemas 

  •  face aos problemas que se nos deparam procuramos soluções adequadas que vamos aperfeiçoando com a experiência, isto é, vamos aprendendo a resolver problemas.

 

Factores de Aprendizagem

Inteligência

  • uma forma de definir inteligência é precisamente entendê-la como a capacidade de aprender; se a inteligência for encarada como a capacidade do indivíduo se adaptar ao meio, vemos que implica a capacidade de mudar, ou seja, a aprendizagem. Os sujeitos com capacidades intelectuais significativas normalmente conseguem manipular símbolos, elaboraram raciocínios mais adequados, resolvem os problemas mais rapidamente e com menos erros.

 

Motivação

  •  define-se como uma tensão interna que leva o indivíduo a agir com dinamismo e empenho em determinada direcção. Uma pessoa está motivada quando sente uma necessidade de agir para alcançar um objectivo; uma pessoa aprende mais facilmente se estiver motivada para isso. A motivação pode ser intrínseca - o sujeito aprende pelo prazer de aprender - ou extrínseca - o sujeito aprende porque espera uma recompensa – elogios, boa classificação, etc..

A motivação pode iniciar, continuar ou finalizar uma aprendizagem; pode ser a curto prazo ou longo prazo. A s sua importância a nível pedagógico centra-se na valorização da participação do aluno na sua própria aprendizagem.

 

Experiência Anterior

  • aquilo que se aprende implica frequentemente aprendizagens anteriores (exemplo: para aprender a interpretar um texto tem de se passar pela experiência anterior de decifrar letras e palavras). As experiências vividas influenciam também o interesse por determinado conteúdo. As situações vivenciadas influenciam as nossas atitudes face à aprendizagem, quer em relação aos conteúdos, quer em relação aos métodos utilizadas. A transferência de uma situação para outra pode facilitar - quando influência positivamente a nova aprendizagem - ou dificultar, quando inibe a nova aprendizagem.

 

Factores sociais 

  •  As condições socioculturais da família a que o sujeito pertence podem favorecer o processo de aprendizagem ao proporcionar mais recursos e experiências enriquecedoras. O modo como o meio em que o indivíduo está inserido valoriza a aprendizagem reflectir-se-á nas expectativas, que, se forem positivas, podem influenciar favoravelmente a aprendizagem.

A memória é um processo cognitivo que consiste na capacidade de reter e recuperar informação. A informação, quando recuperada, não é reproduzida do mesmo modo como foi armazenada. Por isso se afirma que a memória é um processo activo, dado que os seus materiais sofrem alterações: muita informação se perde, outra se transforma com o decorrer do tempo e com as experiências vividas. Não reproduzimos fielmente o que adquirimos, o que retivemos: seleccionamos, excluímos, alteramos.

O esquecimento é um processo inerente à memória. Se retivéssemos tudo, seria impossível receber novas informações.

 Este processo é suportado por três tipos ou sistemas de memória:

 Processo mnésico

  1.      Aquisição processo de entrada de conteúdos; para recordar é necessário aprender primeiro; sem aprendizagem não há memória
  2.      Retenção ou armazenamento – a informação é conservada e retida por períodos mais ou menos longos, para poder ser utilizada quando necessária
  3.      Recordação ou activação – quando precisamos, procuramos recuperar, actualizar a informação armazenada, para a utilizar na experiência presente.

 Tipos de Memória (três formas de armazenamento)

 São os nossos receptores sensoriais que captam as informações do meio ambiente. Estes dados são codificados e retidos por um período de tempo que pode variar entre escassos segundos ou uma vida inteira. Por isso, grande parte dos autores distinguem três tipos de memória, baseados em três formas de armazenamento da informação:

 A memória sensorial é um sistema de memória que mantém a informação durante escassos instantes ao nível dos órgãos sensoriais.

Os órgãos sensoriais registam automaticamente grandes quantidades de informação vinda do mundo exterior. Esta informação sensorial de chegada pouco mais é do que uma cópia do que os receptores fornecem, mantendo-se disponível durante algumas fracções de segundo, após o que se perde completamente. Existem registos sensoriais provavelmente para todos os sentidos, embora os mais estudados envolvem a visão (memória icónica) e a audição (memória ecóica). É graças à memória visual ou icónica que percepcionamos o movimento quando vemos um filme, porque retemos durante um curto espaço de tempo as imagens, o que nos permite ligar os diferentes fotogramas. É graças à memória auditiva ou memória ecóica que compreendemos o que ouvimos, dado que retemos por um curto período de tempo a informação auditiva. É esta retenção que nos permite ligar as frases que constituem um discurso.

Os materiais da memória sensorial ou são perdidos ou, se prestarmos atenção, são processados no armazenamento a curto ou a longo prazo.

A memória a curto prazo armazena as informações captadas pela memória sensorial durante cerca de 30 a 60 segundos. Para que a informação passe para a memória a longo prazo é necessário que seja repetida e codificada.

Quando se dá atenção a uma dada informação, esta passa dos registos sensoriais para a memória a curto prazo (MCP). Esta memória, refere-se àquela informação que num dado momento está activa na nossa consciência. A MCP é também chamada memória de trabalho, porque é aí que a informação recebida é elaborada, organizada e relacionada com a informação anteriormente adquirida (processamento activo de informação). A capacidade de armazenamento da MCP é relativamente pequena e está dependente da possibilidade de recapitular ou repetir os itens em memória, de forma a que quando se chega ao último não se tenha esquecido o primeiro. O tempo de retenção de informação na MCP (quando se impede os sujeitos de repetir ou recapitular o material acabado de apresentar) é bastante curto, alguns segundos.

A memória a longo prazo recebe as informações da memória a curto prazo. O material verbal é codificado e retido em função da sua oportunidade e significado. Os materiais podem ser mantidos durante toda a vida.

É justamente organizando a nova informação e relacionando-a com o conhecimento já adquirido que se passa da MCP para a MLP. Na memória a longo prazo existem vários tipos de informação, que alguns autores caracterizam como a memória procedimental, que inclui a memória das habilidades e dos hábitos, e a memória declarativa, que compreende a memória episódica e a memória semântica. Cada um destes tipos de informação é guardado e organizado de forma diferente e parece implicar processos diferentes de recuperação (reactivação ou actualização). A recuperação da informação da MLP para o nível consciente faz-se de forma selectiva, em função do que se pretende recordar. A capacidade da MLP parece ser ilimitada. O tempo de retenção pode ir de alguns minutos a toda uma vida.

 Papel da memória no comportamento

A memória é uma capacidade fundamental que permite a adaptação do ser humano ao meio. É graças à memória que é possível reter o que se aprendeu. Ora, a aprendizagem corresponde a processos de adaptação: ler, falar, comportamentos sociais, etc.

É a memória que assegura o reconhecimento das nossas experiências pessoais passadas, o nosso património individual que dá significado ao que vivemos no presente. É também graças à memória que nos reconhecemos como pessoas com uma história de vida única assegurando-nos o sentimento de identidade pessoal.

 Papel da memória na aprendizagem

Pode-se afirmar que não há aprendizagem sem memória: é graças à memória, aos processos mnésicos, que retemos o que aprendemos. Sem memória os processos de aprendizagem estariam sempre a iniciar-se, estando em causa todo o processo de adaptação do ser humano: é a partir de aprendizagens retidas que se processam novas aprendizagens.

É a memória que permite que as aprendizagens se mantenham e que possam ser usadas quando necessário.

 Memória e esquecimento

O esquecimento não é uma doença da memória: é um processo inerente à memória, ou seja, é essencial para continuarmos a reter informação. E graças ao esquecimento que seleccionamos as informações mais significativas afastando as que são desnecessárias, inúteis ou geradoras de conflitos. Por isso se pode afirmar que o esquecimento tem uma função selectiva e adaptativa.

O esquecimento pode ser explicado atendendo a vários factores: alteração e desaparecimento do traço mnésico, interferência de aprendizagens e motivação inconsciente.

 A alteração do traço mnésico corresponde à modificação dos conteúdos memorizados. Esta alteração, que ocorreria com o passar do tempo, resultaria do facto de, à medida que o sujeito recorda os acontecimentos passados, os modificar, pelo efeito das suas experiências vividas. O passar do tempo também explicaria, em parte, o desaparecimento do traço mnésico. Muitas vezes pensa-se que se esqueceu determinado conteúdo quando o que se passa é que esse conteúdo sofreu tantas transformações que não o reconhecemos.

Apesar de ser a explicação mais antiga, não se pode reduzir o esquecimento a este factor: as aprendizagens motoras (andar de bicicleta...) resistem à falta de exercício, sendo dificilmente esquecidas. Por outro lado, recordamos com muita nitidez acontecimentos que ocorrem num período da nossa vida, esquecendo outros factos que nos aconteceram na mesma época.

 Para muitos o esquecimento teria origem fundamentalmente na deformação de conteúdos retidos. Uma das fontes de distorção seria produto de atribuição dos materiais armazenados na memória de designação desadequadas. Daí não ser possível recordar com exactidão materiais aos quais foram atribuídos significados inexactos.

 Recentes investigações apontariam para o facto de grande parte das deformações ocorrem na forma como percepcionamos os acontecimentos e não numa mudança no traço da memória

  Outro factor que explica o esquecimento é a interferência de aprendizagens na retenção de outras aprendizagens.. Foram desenvolvidas pesquisas experimentais procurando identificar o efeito que a aprendizagem de uma unidade ou item pode ter na recordação de um item semelhante. Assim, as recordações anteriores podem afectar a capacidade de recordar as novas aprendizagens (inibição proactiva); ou as novas aprendizagens podem afectar a capacidade de recordar os materiais memorizados anteriormente (inibição retroactiva).

 Para Freud, o esquecimento seria resultado de um processo de recalcamentoseriam reprimidas, mantendo-se na zona inconsciente do psiquismo. Submersas, essas recordações manteriam o seu potencial dinâmico, influenciando o comportamento do indivíduo. A resistência, que se opõe a que estas lembranças se tornem conscientes, impede a sua evocação. Será no contexto do tratamento psicanalítico que o analista procurará levar o indivíduo a tornar consciente o material esquecido.. Quer isto dizer que o esuqecimento tinha um carácter selectivo, o sujeito, inconscientemente, esquece acontecimentos traumáticos, recordações dolorosas que provocam angústia e que por isso é importante.

A motivação pode-se definir como um conjunto de necessidades (forças) internas e/ou externas que orientam e impulsionam o comportamento de um indivíduo para determinado fim.

 Ciclo motivacional

No ciclo motivacional, distinguem-se geralmente três etapas básicas: necessidade, impulso e resposta.

A necessidade manifesta um estado de carência orgânica (estado de falta fisiológica ou psicológica) que desencadeia um impulso.

O impulso (ou pulsão) é a força que impele o organismo a dirigir o seu comportamento em direcção ao objectivo e activa uma resposta.

A resposta é o conjunto de acções desenvolvidas pelo indivíduo que permitem suprir a necessidade. Se o objectivo é atingido, há uma redução ou eliminação do impulso, o organismo atinge um estado de saciedade que restabelece o equilíbrio orgânico (homeostasia).

 Motivação 

 suporte fisiológico

A motivação tem como suporte fisiológico os sistema nervoso, através da influência do hipotálamo (regula as necessidades básicas, como a fome, a sede, o sono, o desejo sexual,...) e de outras estruturas cerebrais (exemplo: sistema límbico intervém nas necessidades afectivas) e os sistema endócrino, através da hipófise (regula também as necessidades básicas; controla outras glândulas) e das outras glândulas (exemplo: as glândulas sexuais interferem no comportamento sexual).

 Motivações fisiológicas

As motivações fisiológicas são também designadas por primárias, inatas (independentes de qualquer aprendizagem), básicas ou biogénicas. São inerentes à estrutura biológica do organismo, tendo por função a manutenção do equilíbrio orgânicohomeostasia. São fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e a sua ocorrência é independente da aprendizagem. São exemplos deste tipo de motivações a fome, a sede, o sono. Diferentes aspectos do ciclo motivacional dependem de mecanismos fisiológicos dos quais se destaca o hipotálamo. É esta estrutura que detecta situações de carência orgânica, desencadeando os processos que conduzem à manifestação do impulso que orienta o organismo para a satisfação da necessidade que vai suprir a carência e restabelecer o equilíbrio. Cabe ainda ao hipotálamo produzir a sensação de saciedade.

 Motivações sociais

As motivações sociais são também designadas por secundárias, adquiridas, ou sociogénicas

São motivações que não têm na sua base necessidades fisiológicas, isto é, o termo motivações sociais designa os motivos adquiridos no processo de aprendizagem social, pois manifestam-se de formas diferentes de acordo com os contextos sociais e culturais em que são aprendidos.

Exemplos:

 Necessidade de afiliação 

  •  desejo da pessoa ser aceite e estimada pelos outros. Manifesta-se na necessidade de procurar desenvolver actividades com os outros, fazer amigos, etc.

 Necessidade de poder/prestígio

  • necessidade de ter uma posição de determinado nível na sociedade e de ser admirado.

 Necessidade de realização/sucesso

  • a motivação de realização deve-se ao desejo de ser bem sucedido no que se faz ou em situações desafiantes.

   Teorias Psicanalítica da Personalidade

 Segundo Freud, a personalidade está intimamente ligada com o desenvolvimento da sexualidade construindo-se fundamentalmente nos primeiros anos de vida. Afirma assim que a personalidade se desenvolve segundo uma sequência de estádio psicossexuais, correspondendo a cada um uma zona erógena específica. Cada um dos estádios é atravessado por um conflito psicossexual que resulta da necessidade da satisfação das pulsões em confronto com o que é socialmente exigido. A forma como os conflitos são ultrapassados bem como o tipo de experiências emocionais influenciam o desenvolvimento da personalidade.

 A psicanálise é um corpo teórico explicativo da estrutura psíquica, da vida mental e afectiva. E um processo terapêutico das perturbações da personalidade. Esta teoria vai centrar a explicação do comportamento em factores em factores energéticos e internos à própria pessoa, apresentando assim uma perspectiva intrapsíquica do funcionamento humano. A personalidade é orientada por forças pulsionais, marcadas pelo inconsciente, e por uma grande importância atribuída à infância e às relações de objecto. A experiência clínica de Freud levou-o a valorizar os primeiros anos de vida e a compreender como o acesso ao mundo inconsciente (das pulsões, desejos, conteúdos reprimidos) explica as perturbações neuróticas.

 Para Freud, os princípios fundamentais que regem a vida psíquica são:

  •   O principio do prazer – ID : inconsciente, visa a realização imediata dos desejos, entrando em conflito com o Ego.
  •   O principio da realidade – EGO: consciente, corresponde à necessidade de adaptação ao real social, e visa um comportamento adequado às exigências deste.
  •   O principio da idealidade – SUPEREGO: surge após a resolução do Complexo de Édipo (cerca dos 5 anos) – a sua resolução é condição necessária ao desenvolvimento do equilíbrio e à maturação psíquica - , e vai impor ao Ego valores morais e regras socioculturais, levando-o a viver conflitos, ambivalências, sofrimentos, mas também orgulho e bem-estar consigo próprio.

 Na sua concepção, Freud distingue entre dois tipos de pulsões:

  •   As pulsões de vida – Eros -  agrupam as pulsões que de auto-conservação que visam a manutenção do indivíduo e as pulsões sexuais. 
  •   As pulsões de morte – Thanatos agrupam as pulsões de morte ou destrutivas, que explicariam as tendências agressivas ou de ausência total de tensões (Nirvana)

Os indivíduos na vida tendem para a acção imediata da realização do Eros, embora também aspirem a não ter tensões, isto é, o regresso ao inorgânico (a realização do Thanatos).

A personalidade, na perspectiva freudiana, é fortemente determinada pelos impulsos sexuais e centrada no desenvolvimento psicossexual, que se faz através de vários estádios, nos quais há a prevalência de diferentes zonas erógenas, ou seja, partes do corpo cuja estimulação pode produzir uma excitação sexual. (boca e lábios no estádio oral; região anal no estádio anal; órgãos sexuais no estádio fálico; no estádio de latência a criança esquece a sexualidade anterior, havendo uma diminuição do interesse libidinal. Na puberdade – estádio genital – a sexualidade reaparece, focalizada nas zonas erógenas genitais, procurando a satisfação nas relações com o outro).

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